O Jiu-Jitsu Brasileiro ou, lá fora, o Brazilian Jiu-Jitsu ou BJJ ( jujitsu ou jujutsu) é uma arte marcial japonesa que utiliza uma série de diferentes técnicas e golpes corporais com o objetivo de derrotar ou imobilizar o oponente usando técnicas de torções, pressão e alavancas.
Etimologicamente, a expressão japonesa jiu-jitsu pode ser traduzida literalmente como jū em japonês que significa “suavidade”, “brandura”, e jutsu, “arte”, “técnica”. Daí seu sinônimo literal, “arte suave”, uma referência ao caráter e filosofia desta arte marcial: o equilíbrio e o controle total do corpo.
Ser tão forte que nada possa perturbar a paz da tua mente.
– Carlos Gracie
A Origem do Jiu-Jitsu
Sua origem secular, como sucede com quase todas as artes marciais ancestrais, não pode ser apontada com precisão. Estilos de luta parecidos foram verificados em diversos povos, da Índia à China, nos séculos III e VIII. O que se sabe é que seu ambiente de desenvolvimento e refinamento foram as escolas de samurais, a casta guerreira do Japão feudal.
Os samurais, naquela época, partiam para a guerra usando espadas e lanças, porém, em algum momento, suas espadas poderiam vir a ser inutilizadas por algum motivo. Por isso, era de extrema importância o guerreiro saber vários estilos de luta. Não apenas para se proteger, mas, para proteger seu líder.
Golpes traumáticos não se mostravam suficientes nesse ambiente de luta, já que os samurais vestiam armaduras, as quedas e torções começaram a ganhar espaço pela sua eficiência, era a carta chave para derrubar e inutilizar o oponente.
O Jiu-Jitsu, assim, nascia de sua contraposição ao kenjitsu e outras artes ditas rígidas, em que os combatentes portavam espadas ou outras armas.
Chegada do Jiu-Jitsu ao Brasil
A arte marcial ganhou novos rumos quando um célebre instrutor da escola japonesa Kodokan decidiu ganhar o mundo e provar a eficiência de seus estrangulamentos e chaves de braço contra oponentes de todos os tamanhos e estilos: Mitsuyo Maeda, um filho de lutador de sumô nascido no povoado de Funazawa, cidade de Hirosaki, Aomori, no Japão, em 18 de novembro de 1878, e falecido em Belém do Pará a 28 de novembro de 1941.
Em julho de 1914, o valente japonês de 1,64m e 68kg, segundo consta, desembarcaria no Brasil para fincar raízes e mudar a história do esporte.
Nos EUA, o ágil japonês começou a colecionar milhares de combates e adversários tombados pelo caminho, em países como a Inglaterra, Bélgica e Espanha, onde sua postura nobre fez nascer o apelido que o consagrou, Conde Koma.
Maeda colecionaria histórias saborosas em terras brasileiras. Após rodar pelo país, o faixa-preta de Jiu-Jitsu se estabeleceu em Belém do Pará.
Foi Koma, ainda, que promoveu o primeiro campeonato de Jiu-Jitsu do país – na verdade, um festival de lutas e desafios para promover o esporte desconhecido.
Curiosidade
Os pesquisadores Luiz Otávio Laydner e Fabio Quio Takao encontraram, na Gazeta de Notícias, de 11 de março de 1915, as regras do evento marcado para o teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, então capital do país. Koma anunciava as primeiras regras do nosso Jiu-Jitsu, um regulamento com dez leis simples:
1. Todo lutador deverá se apresentar decentemente, com as unhas das mãos e dos pés perfeitamente cortadas;
2. Deverá usar traje kimono, que o Conde Koma lhe facilitará;
3. Não é permitido morder, arranhar, pegar com a cabeça ou com o punho;
4. Quando se fizer uso do pé nunca se fará com a ponta e sim com a curva;
5. Não se considera vencido o que tenha as espáduas [costas] em terra ainda que tenha caído primeiro;
6. O que se considera vencido o demonstrará dando três palmadas sobre o acolchoado ou sobre o corpo do adversário;
7. O juiz considerará vencido o que por efeito da luta não se recorde que deve dar três palmadas;
8. As lutas se dividirão em rounds ou encontros de cinco minutos por dois de descanso. Tendo o juiz de campo que contar os minutos em voz alta para maior compreensão do público;
9. Se os lutadores caírem fora do tapete, sem que nenhum deles tenha avisado, o Sr. Juiz deve obrigá-los a colocar-se de novo no centro do acolchoado, em pé, frente a frente;
10. Substituirão em suas obrigações ao sr. Juiz os srs. Jurados. Nem a empresa nem o lutador que vencer é responsável pelo maior mal que possa sobrevir ao vencido, se por tenacidade não quiser dar o sinal convencionado para terminar a luta e declarar-se vencido.
* Ficam convidados os doutores em medicina, os representantes da imprensa local e os professores de física e esgrima que se encontrarem no recinto a tomar parte no júri.
Família Grace
Quando falamos da chegada do jiu-jitsu no Brasil, vem em nossa mente a família Gracie. Isso porque o chamado “Jiu-Jitsu brasileiro” ou “BJJ (Brazilian Jiu-Jitsu)” é uma modalidade marcial que foi desenvolvida por essa família. Em 1917, um adolescente de nome Carlos Gracie (1902–1994) viu pela primeira vez, em Belém, uma apresentação do japonês que era capaz de dominar e finalizar os gigantes da região.
Um de oito irmãos (Oswaldo, Gastão Jr., George, Helena, Helio, Mary e Ilka), Carlos abriu, em 1925, a primeira academia de Jiu-Jitsu da família Gracie. Nos jornais, o anúncio era uma obra-prima do marketing: “Se você quer ter um braço quebrado procure a academia Gracie”. Carlos Gracie foi o responsável pela criação deste estilo, adaptando a arte marcial do judô para, principalmente, o combate no solo. Como dito, quando bem empregadas, essa técnica pode ser vantajosa mesmo para aqueles com porte físico inferior ao seu oponente.
Helio Gracie tornou-se, rapidamente, o destaque entre os irmãos, pelas inovações técnicas que promoveu como instrutor e pelo espírito indomável que não combinava com o porte franzino. Em consonância com as táticas de Conde Koma, os Gracie continuaram, no Rio de Janeiro, os desafios a capoeiristas, estivadores e valentões de todas as origens e tamanhos.
Nos anos 1960, quando Carlson Gracie já pegara o bastão de seu tio Helio como linha de frente do clã no vale-tudo, um passo importante foi dado para a consolidação do Jiu-Jitsu esportivo. Em 1967, a Federação de Jiu-Jitsu da Guanabara, no Rio de Janeiro, foi criada, sob autorização da Confederação Nacional de Desportos do país. Entre as regras ainda primitivas, manobras como queda, montada de frente com dois joelhos no chão e pegada pelas costas rendiam um ponto ao competidor. A duração dos combates na categoria adulta era de cinco minutos, com prorrogação de três. O Jiu-Jitsu ganhava oficialmente tempo e pontuações.
Nos anos 1990, a arte teve um novo boom. Em duas frentes: criado por Rorion Gracie em 1993, o Ultimate Fighting Championship deu o pontapé inicial (no queixo) no esporte midiático conhecido hoje como MMA.
Em outra frente, Carlos Gracie Jr. seguiu a obra do pai na organização dos campeonatos e no fortalecimento da arte como esporte regulado. Estava criada, assim, em 1994, a Federação Internacional de Jiu-Jitsu, assim como a Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu, filiada ao Comitê Olímpico Brasileiro, que hoje promovem torneios para mais de 3 mil atletas de mais de 50 países, como o Campeonato Mundial, realizado anualmente desde 1996.
A família Gracie permaneceu com o nome Jiu-jitsu em sua criação devido ao nome judô não ser um termo comumente usados. O nome na época de uso mais comum era Kodokan jujútsu.
AS REGRAS DO JIU-JITSU
A crescente popularidade do MMA tonou o Jiu-jitsu um estilo popular entre os praticantes e os não praticantes admiradores da arte marcial.
Mas, como em todo esporte, as regras do jiu-jitsu estão presentes para garantir que nada passe dos limites aceitáveis.
As regras do Jiu-Jitsu são bem singulares. Antes de tudo, é essencialmente importante dizer que nessa arte marcial as competições não permitem nenhum golpe “tradicional”. Chutes, socos, cotoveladas, joelhadas e uma infinidade de outros movimentos são plenamente restritos.
Fora isso, é crucial alertar que os praticantes somente lutam com adversários que estão dentro da sua idade, faixa e peso. Em algumas situações, o vencedor de uma categoria pode lutar com outros atletas mais pesados para tentar se consagrar ainda mais, essas etapas são reconhecidas como lutas “overall”.
Outras regras incluem:
- vitória direta por finalização ou contagem de pontos;
- toda luta deve ser realizada no tatame e com árbitro presente;
- atletas que utilizam golpes ilegais ou técnicas questionáveis podem ser punidos também por pontuação, o que pode levar à desclassificação;
- as pontuações seguem o seguinte padrão: 2 pontos por queda, joelho na barriga e raspagem, 3 pontos por passagem de guarda e 4 pontos por montada e pegada nas costas.
Demais detalhes são passados de acordo com a federação e competição vigente — isso significa que essas regras gerais podem modificar de acordo com o campeonato em questão. Por isso, é importante prestar atenção nas regras antes de competir e tirar todas as dúvidas com seu mestre (professor) antes de se inscrever.
Apesar disso, essas são as principais diretrizes dos combates, e na maioria das vezes, esses são os principais pontos que os atletas devem se ater durante as lutas.
Lembrando que, além disso, todos os lutadores devem manter as regras de conduta que são aprendidas durante as aulas. Cumprimentar o adversário, ter pontualidade, manter o quimono em ordem e uma série de outros conhecimentos, mantidos no dia da competição.
Alguns dos principais benefícios do Jiu-Jitsu
Agora que você já sabe mais sobre a história dessa arte marcial e suas principais regras, chegou a hora de falarmos brevemente acerca dos benefícios que esse esporte pode proporcionar para sua vida.
Em um momento inicial, podemos citar que essa é uma das lutas que mais emagrecem. Ao longo da prática regular, é possível atingir a perda de peso e o aumento da definição muscular por conta do altíssimo gasto calórico.
A resistência física e o aumento de força e de condicionamento cardiovascular também são outros pontos importantes, facilmente observáveis nos atletas desse esporte.
Não podemos também deixar de mencionar que o Jiu-Jitsu traz vários benefícios mentais, ele alivia o estresse, ajuda a fortalecer a disciplina e a controlar a ansiedade. O aluno ainda aprende excelentes noções de autodefesa e se torna mais confiante ao longo do seu treinamento.
A falta de impactos também é outro fator muito interessante, que faz com que homens, mulheres, crianças e até mesmo idosos se sintam completamente confortáveis para praticar.
Faixas do Jiu-Jitsu
O nível da destreza e conhecimento das técnicas do Jiu-Jitsu é classificado entre os lutadores através do uso de diferentes faixas, sendo que cada uma representa o tempo de prática e habilidade do atleta.
As faixas também simbolizam um sistema de hierarquia, onde os menos experientes devem sempre respeitar os mais avançados na técnica.
• Branca – Para qualquer idade;
• Cinza – Entre 4 anos a 6 anos;
• Amarela – De 7 a 15 anos;
• Laranja – De 10 a 15 anos;
• Verde – De 13 anos a 15 anos;
• Azul – Varia com o potencial do atleta, normalmente aquele que pratica de 1 ano e meio, a 2 anos, e a partir de 16 anos;
• Roxa – Varia com o potencial do atleta, normalmente 2 anos, e a partir de 16 anos;
• Marrom – Varia com o potencial do atleta, normalmente 1 ano e meio, a partir de 18 anos;
• Preta – A partir de 19 anos;
• Coral – Mestre;
• Vermelha – Grão Mestre;
Muito bonita sua publicação! Thanks Kyra…
Obrigada! Kisses!